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Potencial proibição da Huawei levanta preocupações sobre 5G no Brasil

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A intervenção pode ser prejudicial para os consumidores e também ter repercussões nas relações comerciais em curso com a China, dizem os especialistas.

Enquanto o presidente brasileiro Jair Bolsonaro se aproxima da possibilidade de banir a Huawei das redes sem fio 5G de próxima geração, os especialistas expressaram preocupação sobre o futuro da tecnologia no país.

De acordo com o presidente da Huawei Brasil, Sun Baocheng, banir a empresa chinesa teria consequências de longo alcance para o lançamento do 5G no Brasil. O leilão 5G do país foi originalmente programado para ser realizado em março de 2020, mas foi adiado devido à pandemia Covid-19 e deveria ocorrer no início de 2021.

Em entrevista publicada na semana passada pelo jornal Folha de S. Paulo , o executivo da Huawei disse que, em caso de proibição, as operadoras teriam que arcar com uma atualização custosa de equipamentos em todas as suas redes, já que a empresa que lidera é atualmente a principal fornecedor para a maioria deles.

Isso acabaria resultando em preços mais altos para o consumidor final e atrasaria a evolução da tecnologia no Brasil, disse ele. Além disso, se Bolsonaro decidir apoiar o presidente dos EUA, Donald Trump, no bloqueio da Huawei, isso pode ter repercussões mais amplas. Baocheng disse em entrevista que tal movimento criaria a impressão de que o Brasil não é mais um mercado livre e isso impactaria os investimentos estrangeiros.

Nesse ínterim, outros grandes fornecedores ativos neste espaço, como Ericsson e Nokia, mostraram interesse no cobiçado espectro 5G do Brasil e anunciaram planos de investir pesado e atrair investimentos para o mercado latino.

Desenvolvimentos recentes podem influenciar a decisão do Bolsonaro em termos de parâmetros para a adoção da tecnologia 5G no Brasil. O resultado de uma reunião realizada no início deste mês entre o presidente e o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, Robert O'Brien, pode aumentar as chances de uma proibição da Huawei e mitigar os riscos relacionados a isso, como aumento de custos para as operadoras.

Import Bank e o Ministério da Economia do Brasil para o fornecimento de até US $ 1 bilhão em crédito para financiar projetos de telecomunicações no país latino. Isso poderia, por sua vez, deixar o Bolsonaro mais confortável para fazer quaisquer movimentos potenciais para limitar os negócios da Huawei no Brasil.

A decisão de permitir que a Huawei forneça equipamentos para redes 5G a empresas deve ser tomada em bases técnicas e jurídicas, segundo José Ricardo dos Santos Luz Jr, advogado e CEO do LIDE, grupo brasileiro de líderes empresariais que tem uma filial na China.

Santos Luz reitera que a discussão vai além dos domínios da inovação digital, e certamente interferirá em outras esferas, como o comércio bilateral entre China e Brasil nos próximos anos, bem como as relações com os Estados Unidos.

“Depois da pandemia, a China poderá desenvolver e aprofundar seu relacionamento com o Brasil nas áreas de agricultura, energia limpa, mineração, infraestrutura, comércio eletrônico, manufatura inteligente e telecomunicações, com ênfase na tecnologia 5G”, disse o especialista. acrescentando que o Brasil pode evoluir a cooperação que mantém com a China em áreas como commodities e intensificar as relações comerciais em inovação e alta tecnologia.

“É inegável o peso muito maior da Ásia e, principalmente, da China nos fluxos de comércio, investimentos e tecnologias em todo o mundo. O Brasil precisa adotar essa visão global, pragmática e estratégica para o desenvolvimento interno doméstico”, acrescentou Santos Luz.

O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, confirmou no ano passado que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro foi convidado por Trump para impedir a Huawei de desenvolver novas redes móveis no Brasil. Na ocasião, Mourão disse que o governo não interferirá nas atividades do gigante chinês - desde que a empresa crie empregos locais e siga suas regras.

No mês passado, Mourão disse que o país "não pode perder a oportunidade do 5G" por não acompanhar outros países que estão investindo na tecnologia.

“[O não aproveitamento] significaria décadas de contratempos e perdas”, disse Mourão, acrescentando que o governo vê a relevância das redes de telecomunicações num “mundo que caminha para a era do conhecimento”.

“As redes têm que ser confiáveis, rápidas e seguras. Elas permitirão um presente melhor e um futuro melhor”, disse ele, acrescentando que o governo está trabalhando nas regras para o leilão do espectro de próxima geração.

 

Fonte: ZDNet

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